5 de novembro de 2008

Perdendo a cabeça

Era necessário retirar o corpo do local do crime, quero dizer as partes do corpo, antes que chegasse a polícia. Um saco preto de lixo, desses grandes. Um não, dois. Depois do empacotamento tentaram colocar os sacos no porta-malas que era pequeno. Um pouco de esforço e lá se vai o corpo alimentar os peixes. Na primeira subida o porta-malas se abre e um dos sacos vai pro chão. Quando pegam o saco pra jogar de volta no carro ele se rompe e a cabeça sai rolando ladeira abaixo. Lá no fim da rua uma viatura estacionada em frente ao bar, e a cabeça rolando em direção a ela. Cara, eu podia jurar que a cabeça gritava por socorro. Mas era um pouco tarde. A cabeça rolou, rolou e foi descansar na roda da viatura. Os dois lá em cima observando. Estacionaram o carro na quebrada e foram tomar uma cerveja. A cabeça ali, embaixo da roda. A primeira cerveja, a segunda, a terceira e nada dos tiras irem embora. E a cabeça ali, com a expressão de horror própria dos decapitados. Quando a viatura partiu ouviu-se o barulho do crânio sendo esmigalhado. Com uma pá de lixo empurraram os restos pra dentro do bueiro e foram terminar o serviço.

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